Devido a estar trabalhando, estou sem tempo, sem contar que o texto está imenso, por isso vou dividir em partes, sem contar que comecei a escrever este texto durante a Paralimpíada, portanto, tá um pouco atrasado.
Eu ia falar sobre outro tema, mas não tenho como sair do que
estamos vendo atualmente... o mundo aplaude Alessandro Zanardi.
E é com a emoção a flor da pele que o blog "Volta
Voadora" faz uma singela homenagem ao eterno campeão, ao Papa-Léguas, ao
senhor Donuts, o homem que deixava Téo José louco e gritava
"SEGUUUUUUUUUUURA O ITALIANO"... Alex Zanardi.
Se você está em Urano, ou pelas redondezas do Sistema Solar,
sabe que estamos em ano olímpico, e também sabe que estamos na Paralimpíada,
mas se você é do tipo que acompanha a novela das 21hs religiosamente e esquece
do mundo, não sabe e nem faz a menor ideia de quem é Zanardi, pois bem, eu vou
lhe explicar(E penso... que desinformado esse ser proveniente de vida).
Alessandro Zanardi é um daqueles caras que você pode ter
certeza que viveu altos e baixos, momentos de glória e de incerteza, momentos
em que era "O CARA" e momentos em que estava mais por baixo do que
rato de esgoto, um sujeito que tudo que queria era correr e ser notado.
Conseguiu tanto um quanto outro.
Surgiu na Fórmula 1 em 1991, mas não fez nada de destaque,
aliás, até fez, assim como o fez até 1994, era mais conhecido por suas saídas
de pista, acidentes do que propriamente por proezas fantásticas, apesar de ter
tido boas participações na F-3000 e nas categorias de base, tendo disputado o título da F-3 italiana em 1990,
campeonato vencido por Roberto Colciago.
Disputou a F-3000 em 1991, vencendo as provas de Mugello e
Vallelunga, além de ter feito pole nos circuitos de Pau(leia-se Pô, seu porco
mente suja),Mugello, Brands Hatch, além
de ter feito as melhoras voltas em Vallelunga, Mugello e Nogara. Finalizou a
temporada na segunda posição, pois o campeão foi o brasileiro Christian
Fittipaldi com 47 pontos, enquanto o italiano fez 42 pontos.
Zanardi na F3000, pela equipe Il Barone Rampante |
Nomes interessantes que disputaram o campeonato: Damon Hill, Jean Marc-Gounon, Vincenzo
Sospiri, Andrea Montermini, Heinz Harald Frentzen(Amigo do peito do Michael
Schumacher, até “emprestou” a namorada que tinha na época ), Karl
Wendlinger, Laurent Aiello, Alain Menu e
Alain McNish.
Outra curiosidade. A Forti Corsi, aquela equipe que apareceu
em 1995 dizendo que era ítalo-brasileira, mas que não era tanto assim... foi
tricampeã da categoria, de 1987 a 1990 da F-3 italiana, com os italianos Enrico
Bertaggia, Emanuele Naspetti e o mito Gianni Morbidelli.
Durante a temporada de 91, devido as suas boas
apresentações, apesar de ter tido quatro abandonos (Pau, Enna- Pergusa,
Hockenheim e Le-Mans) teve seu prêmio, pilotar pela Jordan no fim do ano, já
que também o tio Eddie estava procurando alguém para substituir um tal certo
Miguelito que tinha assombrado a categoria em Spa. Com isso, o italiano fez sua
estréia na categoria no gp da Espanha em Montmeló, que também fazia sua estréia
na F1, e o cara não fez feio, terminou a prova em nono lugar, enquanto o mito,
a lenda, o ser vivo mor de destruir carros, a dor de cabeça add extremum pra
qualquer dono de equipe, Andrea de Cesaris... abandonou.
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Na mítica Jordan E191, aquela verde com patrocinio da 7-UP |
A prova seguinte foi em Suzuka no Japão, onde abandonou, já
em Adelaide repetiu o nono lugar, ou seja, em três provas, o nosso amigo foi
bem.
Em 1992 não teve um ano pra se dizer que foi proveitoso, foi
test-driver da Benneton, mas pra valer mesmo, correu pela Minardi quando
substituiu Christian Fittipaldi, de novo fez três provas, Silverstone, Hockenhein e Hungaroring, não classificou nem
em Silverstone e nem em Hungaroring e em Hockenhein abandonou, terminando assim
na honrosa anti-penúltima posição no campeonato, atrás apenas de Perry McCarty
e Giovana Ammati.
Em 1993 e 1994 correu pela Lotus, mas não fez temporadas
completas, em 93 correu 11 vezes e fez um ponto, no gp do Brasil.
Aliás, foi neste ano
que até então ele sofreu seu maior acidente, na Bélgica, na Eau Rouge ele
simplesmente veio como um louco prestes a se suicidar e conseguiu bater dos
dois lados da Eau Rouge, o acidente foi terrível, mas dessa vez o italiano
tinha saído inteirinho da confusão, mas convenhamos, deve ter ficado num cagaço
danado por um tempo, pois aí não é nem questão de “piloto tem sangue frio”, mas
sim de “caralho, quase virei molho de macarrão”.
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Lotus 1993.Sim, eu gosto dessa pintura! |
Abaixo confira a pancada insana do italiano nos muros da Eau
Rouge, e após, confira a entrevista do italiano.
http://www.youtube.com/watch?v=pGksfqVC7tc
(acidente)
www.youtube.com/watch?v=nW7XHwNQJic (entrevista)
Vale dizer também que a Lotus optou por ter Johnny Herbert
como desenvolvedor da suspensão ativa, assim, Zanardi ficou meio que jogado de
lado na equipe inglesa.
Outra coisa, depois de Spa 93, Zanardi só voltou a F1 com o
campeonato de 94 em andamento, mais precisamente na quinta prova do ano, a de
Barcelona, terminando em nono lugar.
Antes de continuar, vale uma ressalva, o ano de 94 foi super
tenso pra Lotus, tanto que usou como pilotos, além do italiano e do inglês
Herbert, o belga Phillip Adams, o bom piloto português Pedro Lamy, o francês
Éric Bernard e o melhor piloto de todos os tempos segundo ele mesmo, Mika
Salo(se fosse o Hakkinen até aceitava), e mais ainda, a Lotus usava motor Mugen
Honda V10!
Enfim, vamos colocar em miúdos, Alex estreou em Barcelona,
quinta etapa do ano e correu até a décima etapa, o gp húngaro, depois voltou na
décima segunda etapa, o temido gp belga, “folgou” uma e voltou no gp da Itália,
indo até o final do ano, sendo que completou apenas cinco provas tendo como
melhor resultado a prova de Barcelona, os outros resultados foram abaixo disso,
sendo o pior deles o décimo sexto lugar no gp da Europa em Jerez(O que foi
aquela chicane sem vergonha que fizeram? Só não foi mais insosso do crime que
fizeram em Spa).
Terminado o ano de 94, a Lotus, como ato de misericórdia
resolveu se unir a equipe Pacific para 1995, já que pasmem... a equipe não
tinha dinheiro nem pra comprar peças e em Adelaide os dois carros
abandonaram... não preciso dizer que nosso herói ficou sem carro para 1995, mas
acho que mesmo que pudesse, correr pela Pacific seria um fiasco total, pois o
carro era bem ruim e o motor Ford não era lá essas coisas, tanto que a equipe
vivia se pegando com a... Forti Corsi, ganhava pois além do carro mais leve,
usava câmbio borboleta e a equipe rival foi a última da história da F1 a usar
câmbio de alavanca, além do carro ter sido uma banheira com rodas.
Se pegar foto do carro de 94 da Lotus, vão ver que é
parecido, claro, sem contar as mudanças de regulamento.
Zanardi viveu um ano fora dos holofotes(que já não tinha
muito mesmo) em 1995 fez corridas de turismo, até que no fim do ano um yankee
branquelo gorducho resolveu dar um puta tiro no escuro e contratou nosso amigo
comedor de pizza... falo do Chip Ganassi, o figura resolveu dar um assento de
seus carros ao piloto, e duvido que não tenha sido sua grande cartada na
história.
Enfim... lá foi Alex se mudar de mala e cuia para as
pistas americanas, um terreno diferente do que ele estava acostumado, em vez de
Michael Schumacher, Frentzen, Hakkinen, Lagorce, Katayama e Inoue, ia enfrentar
gente do naipe de Al Unser Jr, Michael Andretti, Jimmy Vasser, Hiro Matsuhita,
Charlie Nearburg e Arnd Meier.
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Chip Ganassi! Parece um tio meu... aliás, acho que todo mundo tem um tio parecido...
Zanardi em terras americanas!
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O ano de 96 foi sensacional pro italiano, mesmo não tendo sido campeão, finalizou o ano em terceiro com 132 pontos, viu seu companheiro, o gente boa Jimmy Vasser ser campeão, mas todos sabiam que o ano de 97 era seu... e assim foi.
Antes vamos a um retrospecto da temporada de 1996 da CART.
O campeonato de 1996 começou no oval de Homestead em Miami no dia 3 de março e a corrida de Zanardi durou 82 voltas, pois acabou se chocando no muro com bastante força, mas o italiano saiu bem do carro e adquiriu experiência na sua primeira corrida.
A sorte começou a mudar no Brasil, pois se na F1 ele marcou seu único ponto em 1993 naquela corrida toda doida, pela CART foi muito mais além e marcou a sua primeira pole-position, deixando uma impressão fantástica de velocidade e agressividade, pois nos treinos era comum Zanardi andar várias voltas seguidas em ritmo forte, buscando os limites do carro e de si mesmo. Na corrida terminou em um ótimo quarto lugar, pois se em Homestead não tinha conseguido fazer muita coisa, em Jacarepaguá deixou uma ótima impressão, tanto que em uma entrevista ao SBT, Zanardi disse que só naquele fim de semana tinha recebido muito mais atenção do que em toda a sua passagem pela Fórmula 1, mal sabia ele que as coisas só iam melhorar...
Sua primeira vitória foi avassaladora, no sinuoso e molhado gp de Portland no estado de Óregon, a prova começou com Sol, mas aí caiu uma chuva média, só que o suficiente para vários pilotos trocarem os pneus, mas só que esse suficiente pra molhar, não foi o suficiente pra se manter molhado por muito tempo, Zanardi jogou certo e venceu a prova, saindo da pole-position e fazendo volta mais rápida, não dando chance aos rivais, aliás, nessa prova ficou claro como os pilotos americanos na época não eram muito chegados a pilotar na chuva.
Sua primeira vitória foi avassaladora, no sinuoso e molhado gp de Portland no estado de Óregon, a prova começou com Sol, mas aí caiu uma chuva média, só que o suficiente para vários pilotos trocarem os pneus, mas só que esse suficiente pra molhar, não foi o suficiente pra se manter molhado por muito tempo, Zanardi jogou certo e venceu a prova, saindo da pole-position e fazendo volta mais rápida, não dando chance aos rivais, aliás, nessa prova ficou claro como os pilotos americanos na época não eram muito chegados a pilotar na chuva.
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Al Unser Jr e Alex Zanardi... Al Jr foi quem ficou mais tempo com os pneus de chuva, só que a mãe natureza foi impiedosa e deixou o excelente piloto a míngua com os pneus |
Em Cleveland, no aeroporto de Burke Lakefront, tivemos
uma das corridas mais espetaculares da história, não tão foda quanto a de 95,
corrida que aliás eu recomendo de pé junto... não sou do tipo que acha a F1 um
porre com KERS + Asa móvel, pelo contrário, mas se você é do tipo que quer ver
disputas insanas, procure no youtube e delicie-se, mas vamos a 1996.
Jimmy Vasser fez a pole, mas quem tinha a mão do circuito
era Gil de Ferran, que quase venceu a prova do ano anterior(não conto o que
houve), e em 1996 ele dominou a prova, mas optou por uma estratégia de uma
parada a menos, enquanto Zanardi fez a estratégia normal de paradas. No trecho
final, o piloto do carro da Chip Ganassi fez uma parada e Gil seguiu, tudo
parecia calmo e tranqüilo na equipe de Jim Hall, porém o brasileiro começa a
reduzir seu ritmo e o italiano começa a andar insanamente fazendo volta mais
rápida em cima de volta mais rápida, se aproximando de forma absurda, lembro
que Téo José e Dedê Gomez comiam as unhas de nervoso, o autódromo ia nesse
embalo e eu também, e a duas voltas do
final travam um duelo absurdo onde Gil chega a perder a liderança, mas em um
movimento de muita maestria e contando com um erro do italiano consegue
recuperar a ponta e não perdeu mais... se você não acredita, confira abaixo o
duelo maravilhoso dos dois.
Confira o final da prova abaixo com transmissão do SBT!
Aqui você confere o GP de Cleveland pela transmissão americana. Parte 1 de 7
http://www.youtube.com/watch?v=eQaUfrbgguM
Largada
em Cleveland.
Zanardi ainda venceria a prova de Mid-Ohio, sendo que fez
as poles em Mid-Ohio, Elkhart Lake, Vancouver e Laguna Seca.
Ah... Laguna Seca, um circuito lindíssimo mas que é mais
Mickey Mouse, só que o “corkscrew” ou saca-rolha compensa qualquer coisa... tão
foda quanto a Eau Rouge, tão foda quanto o Carrossel de Road America, tão foda
quanto a subida de montanha e também a descida em Bathrust... enfim, uma curva
absurda, aliada a uma descida monstrousa... o equivalente a um prédio de vinte
andares, teve o seu lance mais colossal nesse ano, e com Zanardi como
protagonista...
Veja a foto acima, ta vendo aquele carro branco e negro
com patrocínio da Shell? Pois é, eu acho a pintura linda, é da equipe Rahal,
foi pilotado por Bryan Herta, vale dizer que em 96 a equipe usou motor
Mercedes, o que interessa é que Bryan liderou a corrida inteirinha com Zanardi
ali em segundo, até que na última volta...
www.youtube.com/watch?v=cBthxGThBkc (veja
e arrepie)
Um
lance cruel pra ser sincero, pro Bryan Herta foi desmoralizante... enfim, veja
o vídeo e entenda a razão.
E
assim foi 1996 para Zanardi, para quem passou de 92 a 95 na merda, imagino que
a sensação em algum momento do ano foi “Caralho... eu devia ter vindo pra cá
antes!”, mas sou do tipo que crê em momento, você estar no momento certo, na
hora certa, e isso aconteceu com Zanardi na CART na sua primeira passagem, nem
preciso dizer que foi campeão de novatos, algo que os americanos valorizam
muito, o chamado “rookie of the year”, e de sacanagem eu vou por aqui a tabela
de classificação final do “c.n”
1
– Alex Zanardi – 132 pts Chip Ganassi
2
– Greg Moore – 84 pts Forsythe (Teria ido bem melhor se tivesse corridor mais
com a cabeça em vez de sair batendo em tudo e todos, apesar da estréia
assustadora em Homestead e Nelson Piquet ter apostado que Moore venceria a
prova, foi inconstante demais... ah e na prova do Rio, Moore foi segundo)
3
– Mark Blundell – 41 pts Pacwest(ficou for a de três provas devido ao acidente
em Jacarepaguá, por sorte saiu vivo pois se tivesse acertado o carro do seu
companheiro Maurício Gugelmin...)
4
– Jan Magnussen – 5 pts Hogan Penske(substituiu Emerson Fittipaldi após o
acidente do brasileiro em Michigan que o retirou das pistas)
5
– Pj Jones – 4pts All American Racers (Filho da lenda Parneli Jones, o Parneli
Junior Jones fez um campeonato discreto...)
6
– Maximiliano Papis - 4pts Arciero(Fez
poucas corridas pela Footwork na F1 em 95 e foi pra CART após o falecimento do
Jeff Krosnoff)
7
– Richie Hearn – 3pts - Della Pena (Fez
apenas três provas e conseguiu marcar pontos logo na primeira prova que participou
em Long Beach, terminou por exemplo, com a mesma pontuação do Hiro Matsushita
que fez a temporada completa, mas tanto piloto, quanto equipes estavam
divididos entre a CART e a IRL, teria sido um grande piloto se melhor
aproveitado, já que em 97 e 98 andou bem com um carro limitado).
Sem
pontos temos Jeff Krosnoff, que faleceu em Toronto em um acidente em a
responsabilidade vai pro Stefan Johanson que o fechou no fim da reta oposta no
fim da prova, Michel Jourdain Jr que estreou com 19 anos, sendo o mais jovem
piloto a estrear na categoria e como melhor resultado teve um décimo sexto
lugar na prova de Vancouver (não tenho certeza se Marco Andretti bateu essa
marca) e o apagado Frederik Ekblom que só correu US500.
Classificação
final do campeonato 1996 da CART World Series
1-
Jimmy Vasser – 154 pts – Chip
Ganassi
2-
Michael Andretti – 132 pts-
Newman-Haas
3-
Alex Zanardi – 132 pts– Chip
Ganassi
4- Al Unser Jr – 125 pts (Vale
ressaltar… Al Jr não venceu nenhuma corrida no ano, mas foi campeão em pontos
nos circuitos ovais. A última vitória do Little Al foi em Vancouver 95).
5- Christian Fittipaldi –
110pts – Walker (Seu companheiro, Robby Gordon teve um ano pra lá de maluco,
terminou apenas na décima oitava posição com 29 pontos).
Parte 1 concluída! Ou seja, do ostracismo da F1 ao começo pra lá de avassalador na CART 96! A parte
2 do texto vem com suas peripécias nos próximos anos da CART! Não perca no blog VOLTA VOADORA!
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