Olá amigos do blog Volta Voadora!
Primeiramente peço milhões de desculpas por não estar colocando mais textos, mas me falta tempo até para respirar, devido ao intenso e recompensador trabalho, mas como promessa é dívida, vamos ao que interessa, ou seja, a continuação do papo sobre Alessandro Zanardi.
A parte dois foca na temporada de 1997 da CART (Ou Fórmula Mundial), onde vamos conferir no que que deu a saga do mito italiano, o mister Donuts, em terras americanas.
O
ano de 1997 veio prometendo mundos e fundos a Zanardi, mais experiente, mais
capaz, com um equipamento monstro ao seu lado, ou seja, a combinação perfeita do motor
Honda, com os pneus Firestone e o chassi Reynard dava mais esperança ao piloto,
além de ter uma raposa do mais alto gabarito ao seu lado, o estrategista e
mestre nos ovais, o senhor Morris Nunn, tudo estava pronto para um ano
avassalador, e assim foi, Zanardi teve um 1997 pra ninguém botar defeito, foi
campeão com autoridade.
A
temporada 1997 da CART sem dúvida nenhuma foi uma das mais fantásticas da
categoria, a combinação de pilotos e equipes permitiu um certame do mais alto
nível, com provas lendárias, como Detroit, Portland, Vancouver Elkhart Lake,
Saint Louis, Milwaukee, Fontana... ah tempo bom...
Não
vou perder o foco do texto e sair falando da CART, isso ficará pra um tempo
mega especial que estou pensando em fazer, com fotos, vídeos e muita coisa
bacana da época.
Voltando
ao Zanardi e a temporada 1997, tudo começou bem pro italiano fazendo a pole no
oval de Homestead, mas a vitória foi logo do Michael Andretti com chassi Swift, ah, nosso campeão foi o sétimo colocado na abertura do campeonato.
A
segunda etapa do ano foi na Austrália, outra pole de Zanardi e outra não
vitória, terminou na quarta posição, vitória de Scott Pruett naquele carro
muito legal da Patrick\Brahma Sports Team! O fato triste é que foi a corrida em
que Christian Fittipaldi sofreu aquele acidente seríssimo que quase o vitimou,
digo triste pois foi um acidente muito sério e que por pouco...
E a vitória veio em Long Beach, as duas fotos são do fim de
semana na Praia Grande. Ao lado do italiano, o brasileiro Maurício Gugelmin,
que foi o segundo colocado.
PS: Que saudade do
traçado clássico de Long Beach...
Daí pra frente o campeonato ficaria imprevisível, pois vejam
só, a prova seguinte, Nazareth, teve Paul Tracy como pole e vencedor. Zanardi foi o décimo primeiro, o campeonato
tinha Michael Andretti como líder do campeonato com 51 pontos.
No Rio de Janeiro a pole mais uma vez foi do canadense
gorducho, na corrida, após um monte de confusão e uma frustração to tamanho da Rica Pancita do senhor Barriga por ter sido uma prova desastrosa para brasileiros, Bobby Rahal com uma parada a menos iria vencer a prova, eu disse que
iria, mas(literalmente) ao apontar na longa reta de largada\chegada ficou sem
combustível e Tracy acabou conquistando outra vitória, com isso acabou
assumindo a liderança do campeonato com 65 pontos, Pruett tinha 61, Zanardi 55
e Andretti que era líder tinha caído pra quarto com 55 pontos.
O italiano só apareceu mesmo para despontar rumo ao título
na prova de Cleveland, na décima etapa do campeonato que tinha Paul Tracy como
líder, Zanardi era o quinto, mas a diferença era mínima, de 16 pontos(105 a
96), lembrando que a vitória dava 20 pontos, mais um ponto pela pole conquistada.
Tanto em Detroit, tanto em Portland, o italiano não foi tão
combativo, coloco essas provas pois são lendárias para qualquer viúva e aqueles
que querem conhecer um pouco mais dos fatos. Outra hora destrincho essas duas
categorias ao falar de outro piloto super especial, mas digo que em Belle Isle
Zanardi não completou a prova devido a acidente e em Portland até teve alguma
chance liderando vinte e três voltas, mas acabou escapando da pista no trecho
final da prova com os pneus slicks e terminou a corrida em décimo primeiro.
Após Clevelândia foi segundo colocado na prova seguinte em
Toronto, vitória apertadíssima de um inspirado Mark Blundell que tinha um baita
carro da Pacwest(ah se tivesse piloto nesse carro...) apenas a 0,694 de
diferença. Vale ressaltar que a Penske pra 97 não tinha um carro melhor que o
de 96 e 95, pois em pistas ovais de média e baixa velocidade o carro andava
super bem, já em ovais longos, mistos e
circuitos de rua o carro não era lá essas coisas... tanto que em Toronto, Tracy
foi o décimo colocado e seu companheiro, o lendário Al Unser Jr foi o
vigésimo(a história desse homem deixa qualquer um triste, outra hora conto)
A US 500 foi a prova mantida de Michigan para a temporada
97, pois depois da cisão a CART não quis deixar seus pilotos correrem a Indy
500 pela IRL, para 96 tivemos duas provas em Michigan, a Michigan 500 disputada
no mesmo dia(mas não no mesmo horário pois aí seria algo canalha demais das
duas categorias) e para 1997 Saint Louis cumpriu esse papel... e o que se viu até a metade das 500 milhas
era uma corrida até parelha, pois o comum nessa época eram corridas chatíssimas
que algumas vezes tinham finais monstruosos, como a de 95 que nem foi ruim por
si só, foi boa até chegar no final, ou a de 94...enfim, outros tempos.
Voltando, Zanardi liderou 104 das 250 voltas, não liderou em
seqüência, mas as últimas 31 voltas foram só dele.
Ah que saudade disso... largada da prova de Michigan em 1997, com Pruett, Big Mo, Boesel, Vasser, Johnstone, Rahal, Zanardi, Herta, Ribeiro.
Vamos conferir a tabela de classificação abaixo:
1 Alex Zanardi 127
2 Paul Tracy -6
3 Gil de Ferran -19
4 Michael Andretti -24
5 Greg Moore -32
O sinuoso circuito de Mih-Ohio foi o palco seguinte, mais
uma pole com vitória do italiano de Bolonha, com isso, a situação dos rivais
começava a ficar difícil com relação ao título.
Em Elkhart Lake tivemos uma prova costumeira em partes,
disputada como sempre, mas com o adicional da chuva, o que deu uma animada
geral nos ânimos, lembro que o SBT não conseguiu exibir a corrida ao vivo pois
atrasou em mais de duas horas a largada, acabou que foi exibido em VT na
madrugada acho que do sábado seguinte. (Acho que foi por aí que começou a se
pensar em VT, que depois virou compacto em 1999). Com relação ao título, após
Mid-Ohio o piloto tinha 27 pontos de vantagem aos demais e tudo levava a crer
que isso se manteria... e manteve, mas não foi assim tão fácil, pois todo mundo
teve dificuldade com a chuva, Arnd Meier
que o diga... me bate o carro de forma tão bizarra que consegue simplesmente
passar por cima do alambrado e parar quase junto aos torcedores.
Sobre a corrida em si, vou dar destaque ao Dario Franchitti,
que estava na sua temporada de estréia pela equipe Hogan naquele carro prata
escuro, fazia uma prova de ataque, realmente dando tudo de si numa pilotagem
lindíssima, saia de lado nas saídas de curva em quase todas as ocasiões, mas
como todo bom novato, faz suas merdas, cagadas, besteiras, enfim... em uma
bandeira amarela me saiu todo aloprado dos boxes com pneu slick, apontou na
curva um, rodou e... BATEU! (EEEEEEEEEEEEE Franchitti)
Agora a corrida!
A pole foi de Maurício Gugelmin
com Mark Blundell saindo ao seu lado, pode-se dizer duas coisas. Ou que o
italiano estava quieto entre os cinco primeiros, ou que não se sentia tão
confortável assim... mas já para o trecho final da prova, as Pacwest’s trocaram
seus slicks por novos compostos enquanto Zanardi fica umas duas ou três voltas
a mais na pista, foi o suficiente, com voltas assustadoras enquanto Big Mo e
Blundell tentavam aquecer seus pneus permitiu ao italiano assumir a liderança e
não perder mais, além de ver Blundell arrebentar seu motor Mercedes no trecho
final da prova. Vale ressaltar que além de Big Mo em segundo, tivemos Gil de
Ferran em terceiro e Christian Fittipaldi em quarto, ou seja, Dedê Gomez deve ter ido a
loucura!!!
Saindo para vencer!
Aí está o carro de Franchitti para 1997. Hogan - Mercedes - Firestone - Reynard
Ah sim, Vancouver, essa versão que durou até a temporada de
1997 era simples porém desafiadora, com seus bumps, aquele curvão bizarro após
o trecho de altiíssima velocidade, o túnel, a parte final do circuito(recomendo
qualquer um a prestar a atenção em Michael Andretti correndo e abanando pra
todo lado) teve sua última corrida neste ano e não poderia ter sido diferente
do inusitado, Zanardi era pole com Rahal ao seu lado, Vasser e Andretti na
segunda fila com Mo e Herta na terceira fila. Emoções prometidas, emoções
cumpridas.
Nosso italiano teve um dia meio de Ayrton Senna em Adelaide
86(todo mundo paga pau mas eu acho aquela exibição do Ayrton digna de dó, errou
tudo que tinha direito e ainda passou da conta, eu ein...), na volta 16 passou
pelo hairpin sem fazer a curva, mas conseguiu voltar e perdeu muitas posições,
pois seu motor morreu, sua missão era a de escalar o pelotão e assim o faz, um
a um, vindo em ritmo de classificação em toda santa volta, fazendo uma
ultrapassagem colossal em cima de Andretti no hairpin, mas com isso os riscos
aumentam, até que a 18 voltas do fim errou no mesmo ponto e da mesma
forma, voltou em décimo, ainda me
consegue chegar em quarto lugar,só que aprontou pra cima do Bryan Herta na
última volta.
Mas o destaque além disso foi que no dia 31/08/1997 Maurício
Gugelmin finalmente vence sua primeira – e única – corrida na CART, obviamente
o momento foi super festejado, pois Big Mo até chegar a esse dia só tinha
engolido sapos, como em Detroit em que
quase ganhou a corrida... mas tão quase que a meia volta do final ficou sem
combustível... entre outros.
http://www.youtube.com/watch?v=5JQty-sRSs4 - Confira um resumo da corrida pelo SBT!
http://www.youtube.com/watch?v=BWFNrKaxixA - Matéria sobre a vitória do Big Mo!
Outra bela pintura, dessa vez, a da Pacwest de Maurício Gugelmin.
A penúltima etapa da temporada foi no místico e inseguro
circuito de Laguna Seca, só que antes de falar qualquer coisa, vamos ver como
ficou a classificação da temporada após a prova canadense.
1 Alex Zanardi 181
2 Gil de Ferran 144
3
Paul Tracy 121
4
Mauricio Gugelmin 115
5
Greg Moore 111
6
Michael Andretti 108
7
Jimmy Vasser 107
8
Scott Pruett 96
9 Raul Boesel 86
10 Mark Blundell 79
Ou seja, ainda tinha campeonato em Laguna!
Somente este homem poderia bater Zanardi. Gil de Ferran e seu Valvoline - Honda - Reynard - Firestone da equipe Walker.
Sem desmerecer a Walker, mas, a chance era quase zero,
afinal, o carro era muito bom sim, mas a equipe era bem fraca na estratégia,
uma KV da vida atualmente, sem contar que Gil teve um ano constante, deixou a
agressividade dos outros anos de lado e foi brilhante, sempre terminando as
corridas bem posicionado, tanto que foi para a California não tendo vencido
nenhuma corrida no ano.
Vamos pra
Laguna, Bryan Herta foi o pole, mas vamos ao que interessa, Gil precisava tirar
19 pontos do italiano para Fontana, ou seja, era vencer e Zanardi me terminar
pra lá de décimo, algo impossível, e assim foi, terminando em terceiro foi
campeão por antecipação da temporada, muita festa, champagne, luzes, fotos,
entrevistas e um italiano feliz da vida!!!!!!
Mas ainda tinha uma prova... Fontana, que estreava no
certame, um circuito similar a Michigan, um pouco menor em largura, mas isso
não importa, o que importa foi o que vou contar a seguir, sem contar que o circuito é do Roger Penske.
Durante os treinos livres, talvez pela junção de falta de
acerto com a pista fria, Zanardi perde o controle do carro e bate violentamente
no muro, sendo que nem foi autorizado a correr, sendo substituído pelo holandês
voador Arie Luyendyk.
Arie Luyendyk foi
chamado as pressas para correr, tanto que nem fez a qualificação, ou seja, saiu
de último, fazia uma prova até que boa, mas se acidentou no fim da corrida com
Arnd Meier, quando o alemão perde o controle do carro e Arie não teve o que
fazer, em um dos acidentes mais feios da temporada.
Pessoal da Indy Car Series... vejam essa configuração e
melhorem o carro para os ovais, por favor.
Sobre o fim de semana, aquele clima de encerramento imperava
legal, a não ser para a Pacwest, que me coloca Maurício Gugelmin na pole de
forma avassaladora, superando os 400km/h
Convertam em quilômetros e vão ver quão assustador foi a
volta do Big Mo! Até o ano 2000, foi a volta mais rápida em um circuito fechado
do mundo.
Como eu disse, a Pacwest não estava pra brincadeira, pois a
vitória acabou ficando com Mark Blundell.
Abaixo confiram a classificação final da temporada!
1 Alex Zanardi 195
2 Gil de Ferran 162 -33
3
Jimmy Vasser 144 -51
4
Mauricio Gugelmin 132 -63
5
Paul Tracy 121 -74
6
Mark Blundell 115 -80
7
Greg Moore 111 -84
8
Michael Andretti 108 -87
9 Scott Pruett 102 -93
10
Raul Boesel 91 -104
11
Bryan Herta 72 -123
12
Bobby Rahal 70 -125
13 Al Unser, Jr. 67 -128
14
Andre Ribeiro 45 -150
15
Christian Fittipaldi 42 -153
16
Parker Johnstone 36 -159
17 Patrick Carpentier 27 -168
18 Adrian Fernandez 27 -168
19 Roberto Moreno 16 -179
20 Gualter Salles 10 -185
E assim terminou a temporada de 1997, agora eu vou dar a
minha opinião, pois foi uma temporada absurda, com corridas monumentais, como
Milwaukee, Detroit, Portland, Vancouver, entre outras, sem contar o line-up,
até os pilotos ruins tinham carisma. O acidente horrível de Christian
Fittipaldi me assustou muito e vê-lo vivo depois foi algo incrível. Greg Moore
vencendo sua primeira prova mostrava que ele era sim um piloto especial e muito
mais do que o atrapalhado piloto versão 1996. Outras surpresas foram os
brasileiros Gil de Ferran e Maurício Gugelmin, que discretamente levaram seus
carros a excelentes posições no fim da temporada. Um ano magnífico... e 1998
seguiu a risca!
E 1998 começou, lembro bem o temor do El Niño e suas chuvas com ventos que pareciam coisa de cinema, assustou legal. No automobilismo vivíamos um momento estranho, na Fórmula 1 Jacques Villeneuve tinha sido campeão em 9, o Brasil vivia um momento fraco com Rubens Barrichello tentando fazer algo na Stewart, na CART nossos pilotos mostravam bons serviços mas faltava fazer frente, em compensação, o maior piloto brasileiro de todos os tempos humilhava... falo de Marco Greco que foi terceiro colocado na IRL em 97, algo incrível, tanto que isso não serviu pra absolutamente nada... continua esquecido em algum lugar.
Voltando para 1998, vamos a uma prévia do que poderia acontecer para a temporada da CART.
1 – As equipes pareciam mais próximas, a Newman Haas parecia
que vinha com força máxima, tanto com Fittipaldi, tanto com Andretti, a
Forsythe prometia muito, mas quem parecia vir com força mesmo era a Pacwest,
que após um ano glorioso, parecia que vinha realmente pra ser a grande força da
Mercedes, sem contar a Walker, que apesar dos pneus Goodyear, tinha como meta
manter o ritmo do ano anterior, sem contar, a Rahal que estava doida pra entrar
na brincadeira... e óbvio, a Ganassi.
2 – O item acima foi com equipes que mantiveram seu line-up,
a não ser a Forsythe que contratou Patrick Carpentier para o segundo carro,
após um ano muito bom na Bettenhausen no ano de estréia. Agora vou falar de
dois times que tiveram mudanças, primeiro a Penske que após um ano esquisito,
onde com Paul Tracy ia muito bem nos ovais curtos, já nos mistos era carro de
meio de grid e com Al Unser Jr. não ia bem em lugar nenhum – repito, a história
desse homem é de fazer chorar – pois para 98 o Roger Penske resolveu inovar na
aerodinâmica, implantando um carro com bico de tubarão, copiando legal a
Fórmula 1, que era usado por todas as equipes da categoria do tio Bernie, já
nos EUA... e aviso... foi um desastre, sem contar que trouxe André Ribeiro para pagar mico, pois segundo consta, após Fontana 500, o tio Penske chegou em André e perguntou "Você quer um carro que NÃO quebra?" Que dó...
Um híbrido F1 x Cart é igual a isso... um desastre!
A equipe Green, que
mandou Parker Johnstone virar comentarista e trouxe Paul Tracy que teve seu
auge de macacadas com o promissor e velho conhecido atualmente mas que na época
não era tão famoso assim, o escocês Dario Franchitti... Barry Green teve um ano
feliz da vida, pois enquanto um xingava em canadense, o outro xingava em
escocês, quem viu Saint Louis e Houston(principalmente a última sabe o que digo). A Patrick Racing dispensou Raul
Boesel e contratou o mexicano Adrian Fernandez, que sofreu na Tasman com chassi
Lola no ano anterior, mas sofreu de forma digna e foi premiado em andar com um
bom carro, e fechando, a Bettenhausen perdia Patrick Carpentier, mas trazia
Helio Castro Neves, que na época tinha o nome separado mesmo!
O que aconteceu em 1998?
Como foi nosso piloto campeão?
Vamos ver isso na próxima parte deste especial!
Mais uma vez quero pedir desculpas pela falta de tempo em me dedicar, mas conforme for, vou montando e colocando aqui para contar um pouco mais da história do automobilismo!
Um abraço a todos, fiquem com Deus e até a próxima.
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